Publicado por: Pê Martins e Gabriel dos Anjos em 19/05/1999
Desde que se tornou uma das primeiríssimas bandas a explorar o polêmico formato MP3 como ferramenta de divulgação, a banda Fisher – formada por Kathy Fisher e Ron Wasserman - lança seus singles diretamente pela Internet, antes mesmo do término da produção de seus CD´s.
Uma estratégia bem-sucedida, que atrai milhões de downloads em todo o mundo, via sites especializados como o IUMA, MP3.com e outros.
Conheça agora um pouco sobre a banda, seu trabalho e ponto de vista, nesta deliciosa conversa que tivemos com a bela, simpática e talentosa vocalista, Kathy Fisher.
Nota: Ron Wasserman, além de músico, compositor e arranjador da banda, é também responsável pela canção tema dos Power Rangers e de centenas de trilhas para publicidade e seriados da televisão americana.
Leia na íntegra
Pergunta originalíssima: Qual a origem do nome Fisher?
Bem, é o nome da banda, mas também é meu último nome. É simpático, vai! :)
Mas é um duo… ;)
É. Mas complementado por inúmeros amigos talentosos, que sempre que podem estão conosco. :)
E como começa a sua história?
Cresci em Middlebourne, West Virginia... Uma cidade pequena, onde todo mundo conhece todo mundo e não existem segredos... ;)
Uma cidade perigosa, decerto... ;)
E como! (risos)
E quando a música começou em sua vida?
Comecei com 4 ou 5 anos de idade, cantando no coro da igreja de minha cidade. Anos depois, já na escola, comecei minha própria banda de rock e me tornei a vocalista. Nessa época, a igreja já não me queria por perto (risos), não tinha muito o que fazer comigo...
Uma pergunta indiscreta… Qual a sua idade?
A mesma idade das Spice Girls, 29 anos.
Mas você é muito mais bonita.... ;)
Será? (Risos) Vocês é que estão dizendo...
O primeiro registro “oficial” da banda foi em uma trilha sonora, não foi?
Foi. Na época, estávamos participando da trilha sonora the Great Expectations Soundtrack, com a faixa "Breakable". Aconteceu de uma montanha de gente ligar para a Atlantic Records dizendo que tinha adorado a faixa, que queria mais da banda, que tinha interesse em comprar nosso CD, e a Atlantic (com quem na época tínhamos um “record deal” ) sequer admitia a nossa existência. Parece piada, mas é! Foi um absurdo!
E o que aconteceu depois disso?
Com isso, centenas de fãs, que tinham realmente curtido o noso trabalho, foram direto para a Internet, buscar informações, referências e outras canções.
Então o site de vocês veio a tempo certo...
O nosso site foi criado depois que nós já tinhamos uma base construída, tínhamos muitos fãs. Ele surgiu para suprir a falta de informações que o mercado oferecia sobre a gente. Inicialmente tínhamos apenas algumas informações básicas. Com o passar do tempo, os fâs aumentaram muito, e aumentamos também a quantidade de dados veiculados em nosso site. Hoje existem vídeos, fotos, e muita, muita informação.
Como é a relação de vocês com os seus fãs?
Maravilhosa. Temos a maior e melhor base de fãs que existe. Eles são os mais inteligentes, mais engraçados, mais divertidos, mais talentosos, mais sensíveis fãs que existem. Possuem a mente mais aberta que existe! les realmente são nossa como nossa segunda família. Foi por conta deles que começamos. Foi por eles que continuamos. E é por causa deles que sobrevivemos a todo o mal que existe no que chamamos de indústria fonográfica. Sem eles, sem você, inclusive, não estaríamos aqui.
A Internet ajuda realmente, em casos como o de vocês?
Acredito sinceramente que sim. Somos prova disso. A Internet pode fazer tanto, por tantos artistas talentosos que estão por aí. Especialmente os que estão sem espaço de trabalho. Mas existem tantos sites de música e MP3, tantos artistas apresentando seus trabalhos, que é preciso realmente ter algo bom para se destacar.
Continua fã de compras on-line?
Sim! Eu mesma adoro comprar pela rede. É mais prático, tranquilo… Passagens de avião, coisas para minha casa, presentes… O Ron também compra todos os suprimentos de informática via Internet.
Alguma previsão para o CD de vocês chegar as lojas?
Até este momento, todas as nossas vendas de CD´s foram através da Internet. Talvez no futuro isso mude. É cedo para dizer.
Como ficam os direitos autorais? No caso de vocês, há alguma complicação?
Não realmente. Sabemos exatamente o que sacrificamos quando distribuímos uma canção em formato eletrônico, e liberamos o MP3 para download. E sabemos o que ganhamos com isso.
E o que isso seria?
Ganhamos uma gigantesca base de fâs com o passar do tempo. E ela aumentou muito devido ao fato de distribuírmos nossas MP3´s.
Mas não há esperança sobre a questão de recolhimento de direitos autorais neste caso?
Talvez a ASCAP e BMI (NR: Entidades que tratam de direitos autorais nos Estados Unidos) consigam fechar um acordo, no futuro, com os sites que distribuem música, especialmente no formato MP3. É sempre um processo novo, quando tratamos de uma “nova tecnologia”.
Algo parecido com o que acontece com as rádios?
Talvez.
E agora vocês também possuem videoclips.
É verdade!
Qual foi o primeiro?
Nosso primeiro vídeo foi o da música “ I will love you”.
Quem o dirigiu?
Ele foi registrado e dirigido por um incrível e criativo grupo de pessoas que conhecemos através da Internet, e que acabaram amigos nossos.
Como foi isso?
Os conhecemos devido a nossa página de divulgação na MP3.com, e eles nos pediram para termos uma reunião, para discutirmos algumas possibilidades. Eles moravam em Los Angeles, descobrimos que tínhamos amigos em comum. Então, aceitamos na hora.
E o segundo clip?
Nosso segundo vídeo, para a canção “Anyway” teve como produtor executivo e diretor um cineasta independente amigo meu. Ele me ligou um dia, dizendo: “Preciso fazer um vídeoclip para colocar no meu currículo. Se eu dirigir, organizar tudo e assumir os custos de produção, vocês deixariam que eu fizesse um vídeoclip de uma canção de vocês?”
Isto é o que chamo de uma tremenda sorte!
A abundância caindo do céu! (Risos)
A MTV manifestou algum interesse em veicular os vídeos?
A MTV é inacalçável, intocável. A não ser que você tenha um contrato de gravação. Então, este é um ponto sempre confuso…
Como vocês os distribuem então?
Ambos os vídeos estão disponíveis em nosso site e em outros portais especializados, na Internet.
As gravadoras mudaram de atitude com vocês depois do sucesso da banda?
As gravadoras… Ah! Quem sabe o que elas realmente estão pensando??? Elas mudam de atitude e pensamento mais rápido do que uma criança que sofre de distúrbio de déficit de atenção!!!
E as rádios?
Estamos tendo um imenso retorno por parte das college radios stations (rádios independentes em escolas e em faculdades) em todo os Estados Unidos. É um excelente mercado!
Como foi abrir os shows para Alanis Morissette, Tori Amos, David Bowie e Oasis…Vocês chegaram a conhecê-los?
Não exatamente. Não chegamos a conhecer a todos pessoalmente. Ou melhor, não chegamos necessariamente nem a conversar com alguns. Abrimos um show para Alanis, em Los Angeles. Uma única vez. Nós a encontramos pouco antes, no backstage. Ela foi incrivelmente gentil conosco.
Abrimos o show do Oasis, também em Los Angeles. Impossível falar com eles. Participamos da coletânea Great Expectations Soundtrack com a Tori (Amos) , mas não a encontramos pessoalmente. Já o David (Bowie), quisera eu ter a benção de tê-lo conhecido pessoalmente. Nem abrimos seu show ainda. Só nos falamos, até agora, pela Internet.
Mas este intercâmbio acidental que a Internet cria é interessante...
Totalmente. Este é outro aspecto legal de estarmos nos sites de música, quase tão grande quanto a oportunidade de apresentar o nosso trabalho ao público. No final, somos fãs também. Temos nossos ídolos. A Internet favorece a idéia de estabelecermos novos contatos. Com nossos ídolos, com fãs, com gente amiga. Como aconteceu entre nós e vocês. ;)
E a venda de músicas, em formato digital, via Internet?
Tipo MP3 e outros formatos?
Sim, e também através de lojas e agentes autorizados.
Hmmmm. Esta é uma questão que o Ron poderia responder melhor. Eu, particularmente, não me envolvo nos aspectos comerciais.
Podemos considerar o MP3 como o formato single para essa nova geração?
Acho que sim. Mas esta é outra questão para o Ron.